Desenvolvimento

Construção civil acredita em retomada do setor em 2018

Diogo Brondani

Fotos: Charles Guerra (Diário)
Sinais de melhorias na economia oportunizam lançamentos de novos empreendimentos residenciais e comerciais na cidade

A economia nacional dá sinais de melhora, desde o início do ano, para vários setores. Um dos que foram afetados pela crise, o da construção civil, sofreu com a baixa procura por imóveis novos, redução de financiamentos e, até com a falta de investimentos devido à instabilidade política. Como resultado disso, queda nas vendas, diminuição do ritmo de obras e desemprego. Só que esse cenário já ficou para trás. Quem atua no setor tem perspectiva de um 2018 positivo, como é o caso do construtor Vitor Moreira, no ramo há 12 anos.

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- Realmente, 2017 foi um ano difícil. A maioria dos imóveis depende de ajustes e financiamentos, que travaram, principalmente após setembro. Houve uma retração da própria Caixa, principal atuante no setor habitacional, na liberação de crédito. Tivemos dificuldades porque os nossos clientes dependiam dessa verba para dar entrada nos seus imóveis. Esse recurso era muito importante para que pudéssemos tocar as novas obras. Foi preciso segurar um pouco. O ano de 2018 já começou diferente. Outros agentes financeiros estão atuando também no financiamento de imóveis. Há dinheiro novamente no mercado, nesse segmento. Para a gente, é um sinal de reaquecimento. Temos boas expectativas. Nossas obras estão sendo retomadas a todo o vapor, e já pensamos em novos produtos, como imóveis habitacionais para faixas de menor investimento visando diversificar a oferta conforme a demanda de mercado - diz o diretor da FS Moreira Construtora e Incorporadora.

Ainda, conforme o empresário, a redução do ritmo de trabalho obrigou a interrupção de contratos com empreiteiras.

- Temos uma equipe própria de trabalhadores para as construções e, quando a demanda aumenta, contratamos empreiteiras. Só que, nos últimos meses do ano, ficamos apenas com os nossos - lembra.

Em 2016, o setor encerrou o ano com um saldo negativo de 147 cargos cortados na cidade. No ano passado, foram 15 negativos.

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O diretor comercial da MRU Construções, Gilson Ruppelt, leva a sério o dito popular de que é na crise que aparecem as oportunidades. Segundo ele, esse período foi de plena expansão para a empresa construtora.

- Passamos batidos e não sentimos crise. O crescimento foi muito bom para a gente nesses últimos dois anos. Aproveitamos para investir em espaço deixados por outras empresas do setor. Estamos com quatro obras em andamento e traçamos um planejamento de lançar dois novos empreendimentos por ano nos próximos cinco anos. A venda de imóveis na planta, com o financiamento feito pela Caixa, é o nosso carro-chefe. Estamos preparados para uma ascensão natural que o mercado deve ter a partir deste ano. Não pode esperar acontecer, tem que se adiantar. A cidade já dá sinais de expansão, como investimentos de fora, obras de infraestrutura e tudo mais. A economia descolou da política e está com uma retomada - diz Ruppelt.

Além disso, o empresário diz que há uma ampliação estratégica da área de atuação da empresa, passando da construção de imóveis residenciais com 1 ou 2 dormitórios também para empreendimentos comerciais, já que planeja um prédio 100% comercial, e, ainda apartamentos maiores e de alto padrão com iniciativas sustentáveis.

SEM ESPAÇO PARA AVENTUREIROS
A retomada da construção civil está vindo aos poucos, e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) de Santa Maria acredita que 2018 será de apostas em novos empreendimentos. Quem afirma isso é o presidente da entidade Rogélio Zanini, que vê o cenário do setor já com sinais positivos, como reação do mercado no que diz respeito às vendas , e, principalmente, confiança do consumidor.

- Quando se instalou a crise política e econômica do país, houve uma retração do mercado com um todo. A gente sentiu, houve demissões, obras diminuíram ritmos devido a não comercialização dos imóveis. Era um ritmo normal, mas com ajustes. Não era acelerado. A partir do segundo semestre do ano passado, com um cenário um pouco mais favorável, as construtoras se lançaram com mais ímpeto. Houve mais lançamentos de projetos e empreendimentos, assim como conclusões daqueles que estavam em andamento - diz o presidente.

No momento atual, Zanini diz que se vê uma alavancagem no setor num geral, assim como na cadeia produtiva que gira em torno da construção civil que movimenta também a comercialização de materiais, de equipamentos, de mão de obra e etc.

- Até 2014, o setor estava num ritmo bem forte. Tudo que se lançava se vendia, quase a preço pleno. Mas, depois das questões políticas, econômicas e da incerteza do mercado, os consumidores retraíram as compras. Por outro lado, esse período de dificuldades também serviu como uma peneira no mercado. Ficaram as construtoras mais consolidadas. Tinha muita gente se aventurando no mercado. Alguns juntavam um dinheiro e saíam a construir. Isso foi ruim porque criava uma concorrência já que, apertados, esses aventureiros vendiam a qualquer preço para concluir os seus empreendimentos. Com a melhora de cenário, não há espaço para aventureiros. Não vão se lançar no mercado afoitamente. Hoje, é preciso cautela e pesquisa antes de investir em um grande empreendimento. Ainda não há um retorno com força total, está um ritmo aquém de "boom" da construção civil, mas se nota uma retomada de crescimento no setor, com lançamentos de empreendimentos e geração de empregos - avalia.

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Para Zanini, a retração na hora da compra foi, principalmente do cliente que estava reservando dinheiro para aquisição de um imóvel de padrão médio, um ou dois dormitório, mas que ficou com receio e retraiu, apesar de a crise ter afetado o cenário como um todo. Em função dessa retração, as empresas tiveram de buscar atrativos e serem mais atrativas, conforme a realidade de cada uma, para fisgar o consumidor.

Além disso, para o presidente do Sinduscon, um dos fatores que ajudaram o setor a se reerguer foram as linhas de crédito para a compra de imóveis mantidas pelo governo, inclusive com ampliação de algumas linhas, e, ainda a entrada de bancos privados como financiadores.

ONDE ESTÃO OS EMPREENDIMENTOS 
O atual cenário é propenso a lançamentos de novos empreendimentos, principalmente de imóveis comerciais. Em Santa Maria, há algumas regiões promissoras, tanto para investimentos em imóveis residências quanto para comerciais. 

- A cidade como um todo está crescendo, mas há regiões expoentes que se destacam. Apartamentos mais para aluguel, de 1 ou 2 dormitórios, estão na região da Unifra, do bairro Rosário. A região das ruas Benjamin Constant e Euclides da Cunha tem muitas obras para iniciar ou recém iniciadas. Nas proximidades do Daer (bairro Medianeira), do Fórum (bairro Dores) são regiões em expansão - destaca.

Segundo ele, o Sinduscon faz uma pesquisa mensal de dados juntos aos associados para saber a quantidade de obras em andamento, o tipo de imóvel, a região que está sendo alvo de investimento, entre outras métricas que apontam esse perfil.

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